Seja para atender a demanda de clientes, reforçar o compromisso ambiental da marca, garantir o acesso a novos mercados ou reduzir riscos regulatórios, cada vez mais empresas brasileiras estão tratando a gestão de CO2 como uma pauta central em suas estratégias de ESG.
Assuntos como créditos de carbono, descarbonização e compensação de emissões são cada vez mais presentes na mídia e nas empresas brasileiras. Mesmo assim, muitas organizações ainda não sabem como abordar essa pauta, encontrando diversos entraves para embasar ações de gestão, compensação e redução de emissões.
Diante disso, a realização de um Inventário de Emissões pode ser o primeiro passo para que uma instituição contribua no combate às mudanças climáticas. A prática, já realizada por 80% das organizações listadas na B3 (segundo levantamento recente da Universidade de São Paulo e Instituto de Tecnologia Aeronáutica), pode ser incorporada por qualquer empresa e que ela entenda o seu perfil de suas emissões.
Nesta matéria, faremos uma introdução sobre os inventários de emissões corporativos, sua importância para gestão ambiental corporativa e como a sua empresa pode incorporá-los em sua operação.
Índice
ToggleO que é um inventário de emissões corporativo?
A operação de uma empresa possui diversas atividades que podem gerar emissões de gases de efeito estufa (GEEs), como a queima de combustíveis fósseis, escape de gases por aparelhos de refrigeração, processos químicos ou mudanças no uso do solo.
Os gases gerados por essas atividades constituem a pegada de carbono do negócio, principal métrica para avaliar o impacto da operação sobre o efeito estufa. Entender o volume dessa pegada e o efeito de cada atividade do negócio sobre ela deve ser o primeiro passo para que qualquer empresa possa se aliar ao combate às mudanças climáticas.
Nesse contexto, o inventário de GEEs (ou inventário de emissões) é a principal ferramenta para entender o perfil das emissões do negócio. Ele geralmente assume a forma de um relatório que quantifica os gases emitidos pela empresa em determinado período, assim como as fontes responsáveis por eles.
Uma vez realizado, o inventário é uma poderosa ferramenta para embasar estratégias, planos e metas para compensação e redução de GEEs do negócio.
Por que fazer o inventário de emissões da sua empresa
A realização de um inventário de emissões abre o caminho para a inclusão de diversas iniciativas de combate às mudanças climáticas na estratégia de ESG do negócio, como:
Compensação de emissões (Carbono Neutro)
Da mesma forma que a operação do negócio gera emissões de GEEs, existem projetos focados na remoção e redução dessas emissões por meio de atividades como preservação ambiental, por exemplo.
Uma empresa pode combater o aquecimento global apoiando projetos desse tipo pela compra de créditos de carbono, efetivamente neutralizando a sua pegada por meio de ações externas.
Para isso, o inventário de emissões possibilita que a empresa saiba quantos gases emitiu, indicando quanto deve ser compensado para se tornar uma empresa carbono neutro, por exemplo. Sem um inventário, declarações de neutralidade em carbono não podem ser verificadas, tornando-se menos transparentes e confiáveis.
Embasar ações de descarbonização
A descarbonização do negócio nada mais é que a redução das suas emissões de GEEs da sua operação, sendo inclusive um esforço necessário para empresas que buscam uma meta de ser Net Zero.
Diferente da compensação de emissões, a descarbonização envolve ações internas para tornar a operação menos poluente, como a instalação de painéis solares ou uso de etanol em veículos corporativos, por exemplo. Neste caso, um inventário de emissões permite que a empresa dimensione o impacto de cada uma dessas ações sobre a sua pegada de carbono, embasando a escolha de quais iniciativas implementar.
Considerando o caso de uma rede de lojas que deseja reduzir sua pegada de carbono e, ao realizar o seu inventário, constatou que 80% de suas emissões vem do consumo de energia nos estabelecimentos. Isso indica que ações de economia de energia, como o uso de lâmpadas de LED, ou uso de fontes renováveis, como a aquisição de energia diretamente de uma fazenda solar, provavelmente terão um maior impacto de redução se comparadas à outras iniciativas, como a redução de viagens corporativas de avião, por exemplo.
Oferecer maior transparência para clientes
Independente do seu negócio atuar no mercado B2B ou vender diretamente para consumidores, clientes dão um peso cada vez maior para sustentabilidade ambiental na escolha de seus fornecedores ou de quais marcas comprar.
Uma pesquisa recente da FINEP concluiu que 87% dos brasileiros preferem comprar de empresas sustentáveis, indicando o peso que um inventário pode ter na decisão de compra. Por outro lado, cerca de 80% das empresas listadas na B3 já realizam inventários de emissões, aumentando a probabilidade de exigir que fornecedores também façam o mesmo.
Dessa forma, realizar e publicar um inventário de emissões é uma excelente forma de demonstrar concretamente o compromisso ambiental da sua empresa ao mercado.
Principais etapas na realização de um inventário corporativo
A realização de um inventário de emissões passa por diversas etapas desde o seu planejamento até a publicação, geralmente envolvendo diversas áreas da empresa no processo. Abaixo, explicamos os principais estágios para elaboração de um inventário aderente ao GHG Protocol (link para matéria do GHG Protocol), principal referência global para gestão de emissões corporativas.
Definição das fronteiras
O primeiro ponto a ser considerado na elaboração do inventário é a definição de quais atividades, processos e áreas da empresa serão analisados no inventário, constituindo a sua fronteira de medição. As diretrizes do GHG Protocol indicam duas fronteiras que devem ser estabelecidas: a organizacional e a operacional.
A fronteira organizacional especifica os limites da empresa, indicando quais setores, áreas e subsidiárias foram incluídos no inventário. Essa definição é especialmente relevante para o caso de holdings e grandes grupos empresariais, que podem conter uma série de empresas sob sua gestão.
Por outro lado, a fronteira operacional indica quais atividades, processos e serviços, dentro da fronteira organizacional, foram analisados para elaboração do inventário. Definindo essa fronteira claramente, a empresa não deixa dúvidas sobre quais partes da sua operação foram incluídas na análise.
Definição do período de referência
Qualquer inventário é um recorte temporal dos gases emitidos pela empresa. O período de referência, ou fronteira temporal, indica justamente qual foi o recorte analisado, geralmente representando 1 ano de operação do negócio.
No entanto, nada impede que organizações atualizem seus inventários em ciclos mais curtos, como trimestrais ou até mensais. Com medições mais recorrentes, a pegada de carbono da empresa pode assumir o papel de um indicador ou KPI gerencial, captando rapidamente os impactos de pequenas alterações em sua operação ao longo do ano.
Coleta de informações
Depois de definir exatamente o que será medido, é necessário mapear os dados disponíveis para o cálculo. Cada fonte de emissão necessita de dados específicos para ser estimada, como volume de combustível consumido por veículos, origem e destino das viagens corporativas realizadas ou, consumo de energia da rede,. por exemplo.
Essas informações podem vir de diferentes fontes na empresa, como notas fiscais, sistemas de gestão, registros gerenciais, ordens de compra ou até mesmo relatórios de fornecedores.
A precisão e confiabilidade dos dados disponíveis reflete diretamente na acurácia dos cálculos realizados.
Um bom mapeamento das fontes de informação não só garante que a metodologia mais precisa disponível para o cálculo seja utilizada, como também torna o relatório mais transparente, auditável e replicável para anos futuros.
Cálculo de emissões
A depender dos dados disponíveis na empresa, o GHG Protocol indica diversos caminhos para quantificar uma fonte de emissão, com diferentes graus de precisão. Isso viabiliza o cálculo na maioria dos casos, independente dos dados disponíveis.
Por exemplo, para calcular as emissões de uma frota de veículos corporativos, o caminho mais preciso é partir da quantidade de combustível que foi consumido. Caso a empresa não controle essa informação, é possível estimar essa pegada a partir da quilometragem e eficiência de consumo dos veículos, geralmente a troco de um maior grau de incerteza no cálculo.
A imagem abaixo, adaptada do GHG Protocol Corporate Standard, ilustra como uma empresa pode selecionar os métodos de cálculo para logística terceirizada a partir das informações disponíveis no negócio.
Publicação do inventário
Por mais que esta etapa seja opcional para a maioria das empresas, a publicação de um inventário de GEEs confere transparência ao mercado quanto ao impacto ambiental do negócio e os resultados de suas ações de mitigação.
Embora existam diversos canais para isso, o Registro Público de Emissões (RPE) do Programa Brasileiro GHG é a principal base pública nacional para divulgação de inventários corporativos. A publicação no RPE é realizada anualmente e pode ser realizada por qualquer empresa, desde que se inscreva no programa e cumpra os prazos do calendário vigente.
Além disso, inventários de emissões podem ser incluídos no próprio relatório de sustentabilidade do negócio, garantindo ainda mais visibilidade e transparência. Por fim, existem ainda outras iniciativas voluntárias para a divulgação de inventários, como o CDP ou o índice ICO2 da B3, viabilizando o acesso à mais fontes de investimento para companhias de capital aberto.
Como elaborar o seu inventário com a Compensa?
Realizar um inventário de emissões não é uma tarefa simples para nenhuma empresa, independente da sua maturidade em gestão de emissões.
Atividades como a coleta dos dados podem envolver diversos setores na empresa, enquanto a realização dos cálculos exigem amplo conhecimento das diversas metodologias que podem ser utilizadas. Esses e outros desafios impõem obstáculos para a elaboração de uma das ferramentas mais essenciais de gestão ambiental no âmbito de emissões.
Pensando nisso, a Compensa desenvolveu uma Plataforma Digital de Gestão de Emissões, descomplicando todas as etapas do seu cálculo de carbono. Por ela, sua empresa pode realizar o inventário de GEEs de forma centralizada, recorrente e aderente ao Registro Público de Emissões do GHG Brasil.
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