A construção é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa no mundo, com cerca de 40% das emissões globais de CO2. As mudanças climáticas exigem ações urgentes para reduzir o impacto ambiental do setor, e as empresas que se comprometerem com a sustentabilidade serão as que prosperarão no futuro.
Este guia completo oferece um roteiro abrangente para empresas de construção que desejam medir e reportar suas emissões de carbono de forma eficaz.
1. Benefícios da gestão de emissões na construção
- Redução de custos: Identificar e otimizar ineficiências energéticas pode resultar em economias substanciais.
- Aumento da competitividade: A adoção de práticas sustentáveis atrai clientes e investidores conscientes do meio ambiente.
- Fortalecimento da reputação: Demonstração de transparência e responsabilidade ambiental melhora significativamente a imagem da empresa.
- Melhor desempenho ambiental: Contribuir para a mitigação das mudanças climáticas através da redução das emissões de carbono.
- Preparação para regulamentações futuras: Antecipar-se às tendências de regulamentação de emissões coloca a empresa em uma posição vantajosa para o futuro.
2. Conhecendo a metodologia de referência: ENCORD
O ENCORD Construction CO2 Measurement Protocol é o padrão internacional para medição e reporte de emissões de carbono na indústria da construção. O protocolo ENCORD está alinhado com o padrão corporativo do GHG Protocol. O protocolo oferece uma estrutura robusta para calcular as emissões de Escopo 1 (diretas), Escopo 2 (indiretamente relacionadas à energia) e Escopo 3 (da cadeia de valor). O guia inclui definições claras, metodologias padronizadas e ferramentas para facilitar o processo de medição e reporte.
No Brasil, outra metodologia de referência recomendada é o guia metodológico do SindusCon-SP. Esse guia possui instruções mais aprofundadas ao mercado Brasileiro, além de fatores de emissões aplicáveis no Brasil.
3. Principais fontes de emissões na construção
A identificação e medição de emissões de Escopo 1 e Escopo 2 são passos obrigatórios para as empresas de construção compreenderem e gerenciarem sua pegada de carbono. A seguir, detalhamos as fontes relevantes e as práticas recomendadas para a medição dessas emissões.
Emissões Diretas (Escopo 1)
As emissões de Escopo 1 provêm de fontes que são de propriedade ou controladas pela empresa, incluindo, mas não se limitando a:
- Combustível (Projetos): Refere-se ao combustível comprado pela organização para uso em equipamentos e máquinas nos canteiros de obras. Isso inclui a combustão de combustíveis em operações no local, como a produção de materiais de construção diretamente no canteiro de obra (consulte nosso guia para medição de emissões de combustível)
- Combustível (Instalações): Abrange todo o combustível comprado pela organização para uso em suas instalações, como escritórios, instalações de produção, armazéns, e locais de montagem de materiais de construção.
- Processos Industriais: Quando aplicável, inclui as emissões de gases de efeito estufa de processos físicos ou químicos envolvidos na produção de produtos minerais (como cimento e cal) e produtos metálicos (como aço e alumínio).
- Emissões Fugitivas: Emissões de gases de efeito estufa de vazamentos de ar-condicionado e refrigerantes de equipamentos pertencentes ou controlados pela empresa (consulte nosso guia)
- Alterações no uso do solo: As emissões da supressão de vegetação devem ser computadas no Escopo 1 do dono do terreno (ex. Incorporadoras), e no Escopo 3 de quem executa a obra (ex. Construtoras)
Emissões Indiretas (Escopo 2)
As emissões de Escopo 2 resultam da geração de eletricidade adquirida e consumida pela empresa:
- Eletricidade (Projetos): Inclui toda a eletricidade comprada pela organização para uso em projetos, incluindo canteiros de obras e ativos gerenciados, como edifícios e estradas. Se a eletricidade for fornecida por um cliente, ela deve ser relatada como uma emissão de Escopo 3 para evitar a contagem dupla (consulte nosso guia para medição de emissões de energia)
- Eletricidade (Instalações): Abrange toda a eletricidade comprada pela organização para uso em suas instalações de apoio, incluindo escritórios, instalações de produção e armazéns.
- Calor ou resfriamento adquirido: Considera todo o calor (como vapor de sistemas de aquecimento combinado e energia) ou resfriamento (como ar condicionado central em prédios comerciais) comprado pela organização para uso em projetos ou instalações da empresa.
Emissões de Escopo 3 (opcionais)
Além das emissões de Escopo 1 e 2, o GHG Protocol’s Corporate Value Chain (Scope 3) Standard incentiva as empresas a avaliar todas as 15 categorias de emissões de Escopo 3 para compreender seu impacto ambiental mais amplo. Isso inclui emissões de fontes que a empresa não possui nem controla diretamente, mas que são parte de sua cadeia de valor.
São fontes relevantes de Escopo 3 para a Construção:
- Resíduos: Emissões relacionadas à produção, transporte e processamento de resíduos
- Materiais: As emissões incorporadas dos materiais de construção
- Fretes terceirizados: Contratação de fretes para transporte de materiais (consulte nosso guia)
- Viagens: Combustível usado para viagens de negócios e hospedagens (consulte nosso guia)
- Deslocamento de funcionários: Emissões do uso de transporte público ou automóveis particulares pelos funcionários (consulte nosso guia)
- Subcontratados: A pegada de carbono dos subcontratados que trabalham nos seus projetos.
- Uso do edifício pelos ocupantes: Emissões associadas ao uso dos edifícios e infraestruturas que sua empresa constrói. No entanto, é menos relevante dado a dificuldade de mensurar e ao fato de que as empresas de construção que não são responsáveis pela concepção das especificações do edifício têm pouca influência sobre o desempenho final dos edifícios ou a sua utilização pelos ocupantes.
4. Passo a passo para medição e reporte de emissões
4.1 Defina os Limites Organizacionais e Operacionais:
Empresas de construção podem optar por realizar o inventário da obra ou o inventário da empresa.
- Inventários de Obras: se referem às emissões decorrentes da construção de um Empreendimento, desde seu planejamento até a entrega ao usuário.
- Inventários de Empresas: são Inventários Corporativos, que deverão ser obtidos a partir da consolidação dos respectivos Inventários de Obras além
Como obras podem ter diversas empresas envolvidas em sua execução, o GHG Protocol estabelece três abordagens principais para definir os limites organizacionais das emissões:
- Abordagem de Controle Operacional: Recomendada para a maioria das empresas de construção. Sob o controle operacional, a empresa relata 100% das emissões de operações sob seu controle direto. Na construção civil, isto se através do controle de fatores ligados à concepção do empreendimento e/ou fatores ligados na execução da obra.
- Abordagem de Controle Financeiro: A empresa relata 100% das emissões de operações sob seu controle financeiro, ou seja, em que tem a capacidade de dirigir políticas financeiras e operacionais.
- Abordagem de Participação Acionária: Neste método, a empresa relata as emissões proporcionalmente à sua participação acionária em cada operação.
Ou seja, pela abordagem do controle operacional, uma empresa deverá consolidar uma obra no seu inventário sempre que controlar a sua concepção e/ou execução.
Uma vez definida a abordagem de limite organizacional, você deverá identificar suas fronteiras operacionais. Essas são as atividades da construção civil executadas pela sua organização. Por exemplo:
- Desenvolvimento de projetos
- Fabricação e transporte de materiais utilizados na construção civil
- Construção do projeto
- Operação do projeto (como pré-ocupação do espaço ou sua efetiva ocupação e uso)
- Demolição e remoção de resíduos
A identificação dos limites operacionais irá determinar quais fontes de emissões serão mais relevantes para sua empresa. Consulte a sessão de “principais fontes de emissões da construção” para saber mais sobre o assunto.
4.2 Colete os dados relevantes
Uma vez identificadas as fontes, reúna dados precisos e confiáveis sobre as atividades da empresa, incluindo:
- Consumo de energia
- Combustíveis
- Materiais
- Transporte
- Outros dados relevantes conforme sua operação
- Utilize ferramentas de coleta de dados automatizadas para facilitar o processo.
- Garanta a qualidade e a rastreabilidade dos dados coletados.
4.3 Calcule as emissões
- Utilize os fatores de emissão do Greenhouse Gas Protocol para converter as atividades em emissões de CO2 equivalente.
- Aplique as metodologias do ENCORD para calcular as emissões de cada fonte de forma precisa.
- Utilize ferramentas computacionais para automatizar os cálculos e garantir a precisão.
4.4 Monte análises e reportes
- Analise os resultados da medição para identificar as principais fontes de emissões.
- Compare o desempenho da empresa com benchmarks da indústria e melhores práticas.
- Crie um relatório transparente e informativo que comunique os resultados da medição e as ações de mitigação.
- Utilize plataformas online e ferramentas de comunicação para divulgar o desempenho ambiental da empresa.
Dica: descomplique sua gestão de emissões com a Compensa
A Compensa oferece uma solução completa para medição e reporte de emissões de carbono na construção.
Ao utilizar a Compensa, você desfruta dos seguintes beneficios:
- Facilidade: Interface intuitiva e amigável, com suporte técnico dedicado.
- Confiança: Baseada em metodologias científicas e com conformidade normativa.
- Eficiência: Simplifica a gestão de dados e proporciona visão clara do perfil de emissões.
- Flexibilidade: Adaptável às necessidades específicas da empresa e abrange todas as fontes de emissões.
- Transparência: Facilita a criação e compartilhamento de relatórios, promovendo comunicação eficaz.
- Certificação: Permite obtenção de eco-selos que validam a medição ou compensação das emissões.
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