Não é novidade que empresas e investidores vêm dando um peso cada vez maior para a sustentabilidade ambiental, um dos 3 pilares do ESG, na hora de escolher fornecedores, prestadores de serviços e negócios nos quais investir.
O conjunto de iniciativas que antes assumia um papel secundário nas empresas, muitas vezes limitado a campanhas de marketing ou ao atendimento mínimo de regulações ambientais, vem se tornando um diferencial competitivo ou até mesmo um requisito para fechar negócios.
A mesma tendência também é observada nos hábitos dos consumidores, como constatado por pesquisa recente da FINEP que concluiu que 87% dos brasileiros preferem comprar de empresas sustentáveis.
Em resposta a esse cenário, empresas têm utilizado diversos rótulos ambientais para comunicar o seu compromisso com a preservação do planeta. Declarações como “Carbono Neutro” ou “Net Zero”, estão cada vez mais presentes nos canais de comunicação de diversos negócios e nos rótulos de produtos.
Neste artigo, queremos te ajudar a compreender os principais rótulos ambientais ligados à emissões de CO2, além de quais ações a sua empresa precisa tomar para conquistá-los e utilizá-los de maneira responsável.
Carbono Neutro, o primeiro passo
Uma empresa que se declara Carbono neutro está afirmando que compensou todas as suas emissões de gases de efeito estufa (GEEs), neutralizando o seu impacto sobre o aquecimento global em determinado período.
Isso significa que, mesmo sem deixar de emitir GEEs, a empresa mediu sua pegada de carbono e apoiou iniciativas de impacto positivo, externas à sua operação, na proporção necessária para neutralizar sua pegada de carbono.
Essa neutralização geralmente se dá via compra e aposentadoria de créditos de carbono, gerados por projetos de remoção ou redução de GEEs atmosféricos. Neste mecanismo, a aposentadoria de 1 crédito sempre equivale à neutralização de 1 ton CO2, de forma que uma empresa precisa aposentar 10 créditos de carbono para neutralizar uma pegada de 10 ton CO2, por exemplo.
Para isso, o Brasil conta com uma ampla oferta de projetos de preservação ambiental, registrados e verificados por órgãos respeitados no setor, capazes de gerar uma ampla oferta de créditos de carbono.
Mesmo sendo um conceito relativamente simples, existem algumas variáveis que devem ser bem entendidas para se comunicar e compreender claramente o impacto real associado à uma declaração de neutralidade de emissões, como:
Qual o período de tempo que foi compensado?
Declarações de neutralidade de emissões não são eternas, estando sempre associadas aos GEEs emitidos em um período de tempo da operação da empresa. Mesmo que alegações deste tipo geralmente se refiram a um ano de operação da empresa (ex.: 2022 carbono neutro), é importante sempre comunicar claramente esste ponto para garantir a transparência do impacto gerado,.afinal, existe uma grande diferença no impacto de uma empresa que neutralizou suas emissões pelos últimos 10 anos para uma que o faz apenas desde o ano passado.
Quais emissões foram compensadas?
Empresas possuem diversas fontes de emissões, diretamente associadas à sua operação, como a aquisição de combustíveis fósseis, ou distribuídas ao longo de sua cadeia de valor, como o consumo de energia e viagens corporativas. Entretanto, nem sempre todas as fontes são analisadas e compensadas pela organização, de forma que, quando um negócio se declara carbono neutro, é essencial entender quais emissões foram de fato neutralizadas para se compreender o impacto ambiental obtido. Saiba mais sobre fontes de emissão em nossa matéria sobre o Inventários de Carbono.
Como as emissões foram neutralizadas?
Entender o caminho adotado pela empresa para de fato neutralizar a sua pegada é talvez a questão mais importante ao se avaliar aqui, afinal, se o projeto de compensação apoiado não for capaz de comprovar o resultado da sua atividade, o impacto ambiental positivo também – independente do valor investido. Algumas perguntas que podem ajudar a esclarecer melhor a seriedade do projeto são: Qual o tipo de impacto buscado? Qual o histórico das empresas responsáveis pelo projeto? Em qual base pública de registro o projeto está inscrito? Quais certificações ele possui?
Como a neutralização de emissões requer apenas que a empresa meça e compense a sua pegada de carbono, comprando e aposentando créditos de carbono gerados, não há necessidade de modificar o funcionamento da operação. Isso faz com que a meta de se tornar CO2 neutro seja relativamente acessível para a maioria dos negócios, tornando-a um excelente ponto de partida para organizações em busca de ampliação do seu compromisso ambiental.
Carbono Negativo, o passo além
Para uma empresa se declarar carbono negativo ela precisa compensar mais emissões do que emitiu em um determinado período, efetivamente atingindo um impacto ambiental positivo com a sua operação.
Dito isso, o conceito é praticamente uma evolução da meta de neutralidade de carbono, indicando que o negócio está dando um passo além para reverter sua contribuição ao efeito estufa.
Como não há consenso sobre o quanto uma empresa precisa compensar além de suas emissões para se assumir carbono negativo, a declaração pode gerar confusão quanto ao impacto que foi realmente atingido pelo negócio. Por exemplo, uma empresa que emitiu cerca de 500 toneladas de CO2 em 2022 e se declarou carbono negativo naquele ano, pode ter compensado 550 ton CO2, 1.000 ton CO2 ou até mais.
Dessa forma, é essencial que empresas que se declarem carbono negativas indiquem claramente quantas emissões foram compensadas para se atingir esta meta.
Como a Compensa aborda estes conceitos?
Com a intenção de garantir uma comunicação clara e honesta com consumidores, empresas e demais setores, a Compensa aposta na padronização e transparência de todas as metas que ajudamos nossos clientes a atingir.
Para considerarmos uma empresa como Carbono Neutro, por exemplo, ela precisa se comprometer a medir e compensar, no mínimo, as emissões de:
Escopo 1: Emissões diretas da empresa
- Aquisição e consumo de combustíveis fósseis
- Emissões fugitivas de aparelhos de refrigeração e ar condicionado, por exemplo
Escopo 2: Emissões indiretas da empresa
- Aquisição de energia elétrica da rede
- Geração ou aquisição de energia solar
Escopo 3 (parcial): Demais fontes indiretas não incluídas no escopo 2
- Logística terceirizada (transportadoras, correios, motoboys)
- Viagens a negócios
- Funcionários no home-office
- Deslocamento casa-trabalho de funcionários
Na mesma linha, reconhecemos as empresas como Carbono Negativo no momento em que compensam o dobro das emissões geradas no período, efetivamente estabelecendo um critério claro para essa meta.
Saiba mais sobre como nossos nossos eco-selos podem reforçar a comunicação sustentável da sua empresa de forma responsável e transparente.
Net Zero
O termo, que significa “zero emissões líquidas de carbono” em tradução livre, ganhou visibilidade após o Acordo de Paris, quando mais de 190 países assumiram o compromisso de se tornar Net Zero até 2050 para limitar os efeitos do aquecimento global.
De forma similar ao Carbono Neutro, a meta pode ser desdobrada para empresas e tem como resultado final a neutralização da pegada de carbono do negócio – a diferença está no como.
Para alcançar este objetivo, a empresa precisa implementar ações internas para reduzir ao máximo suas emissões, compensando apenas aquilo que não for possível reduzir de outra maneira. Neste contexto, ações como aquisição de energia solar, substituição de gasolina por etanol e redução das viagens corporativas por avião assumem um papel importante na descarbonização da operação do negócio.
Desta forma, a compensação de emissões assume um papel secundário, utilizada apenas para compensar os GEEs que não puderam ser eliminados até o momento.
Esse compromisso pode ser enxergado como uma evolução da meta de neutralidade de carbono, a ser atingido ao longo do tempo por um plano de ação para implementação das ações de redução.
Por exemplo, uma empresa que emite 100 ton CO2 anualmente pode assumir um compromisso de se tornar Carbono Neutro a partir de agora e evoluir para a meta de Net Zero em 10 anos, implementando uma série de ações de redução nesta jornada. Para isso, a empresa iniciará o processo compensando 100 ton CO2 por ano e poderá reduzir este volume à medida que implementar as ações de descarbonização.
Carbon Free
Classificar uma atividade ou processo como Carbon Free, livre de carbono ou carbono zero, indica que ela não gera nenhum tipo de emissões de GEEs e, portanto, não contribui para o aquecimento global.
Como o funcionamento das empresas envolve uma série de atividades com potencial de geração de emissões, como o deslocamento diário de funcionários ou uso de equipamentos de ar condicionado, é pouco provável que um negócio possa se tornar totalmente carbono zero.
Dessa forma, o conceito geralmente é aplicado a atividades e processos individuais como forma de indicar que não geram emissões adicionais na operação da empresa.
Na prática, o termo Carbon Free é geralmente utilizado no contexto da energia elétrica, indicando que uma empresa utiliza apenas energia gerada por fontes renováveis. Essa geração pode ser feita pela própria empresa, via instalação de painéis solares em um armazém, por exemplo, ou por um fornecedor, no caso da aquisição de energia diretamente de uma fazenda solar ou eólica.
Dessa forma, a meta de tornar o consumo energético da empresa carbono zero pode ser vista como um objetivo independente e complementar aos outros, sendo inclusive uma etapa importante na jornada para atingir o status de empresa Net Zero.
O que faz mais sentido para a minha empresa?
Independente de qual será o objetivo adotado, o primeiro passo é sempre entender a contribuição da sua empresa ao aquecimento global, identificando e medindo suas principais fontes de emissão. Somente assim será possível definir as metas e as ações que fazem sentido para o seu negócio.
A Compensa pode te ajudar independentemente de onde estiver nesta jornada, seja com o nosso diagnóstico inicial de emissões ou com a nossa plataforma digital. Agende uma demonstração gratuita com o nosso time.
